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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

capítulo Dez


Pérola e eu estávamos deitados de bruços em um grosso cobertor xadrez, tomando sol no lago Gambler. Eu olhava para a água, pensando como era feliz por ser jovem e apaixonado.


Ao ouvir o som agudo de uma risada feminina, virei a cabeça. Não era Pérola que ria. Era Lua. Ela protegia os olhos do sol com a mão e suas pernas bronzeadas e bem-feitas estavam esticadas.

Sem me preocupar em como ela tinha vindo parar ali, deitei minha cabeça em seu colo, sorrindo e olhando seus olhos brilhantes. Devagar, ela se curvou e roçou de leve os lábios na minha orelha. Depois sua boca tocou a minha e, esticando meu braço, passei a mão por seus grossos cabelos loiros. Depois me levantei, sentando e apertando mais ainda meus lábios contra os dela. Em seguida, estávamos nos abraçando tão forte que parecíamos uma mesma pessoa.

Bem na hora em que beijava a Lua, acordei. Meu coração batia forte, e eu até suava um pouco na testa. Meu mundo estava fora de controle. O que poderia estar me acontecendo?

Claro que já tinha sonhado com a Lua outras vezes. Todo mundo que conhecia já tinha estado presente em meus sonhos uma vez ou outra. Mas nunca sonhara que a beijava. Senti como um bofetão. Pérola era a garota que deveria estar em minhas fantasias. Ela era minha namorada, e eu estava apaixonado por ela. Mas aquele longo beijo na Lua me pareceu tão real que meus lábios ainda sentiam os dela.

O relógio na cabeceira mostrava 12h15. Um pouco envergonhado por estar dormindo até tão tarde, fui para o banheiro escovar os dentes e afastar da mente qualquer pensamento sobre Lua.

Todo mundo sabe que os sonhos não significam nada. Só porque sonhei que beijava Lua, isso não queria dizer que realmente desejava beijá-la. A gente tinha dançado uma música romântica na noite anterior, e ter um sonho inocente com ela era muito natural.

Lavei o rosto com água fria e decidi ir procurar alguém para um joguinho de basquete. Eu estava precisando de um pouco de exercício. O sonho com Lua não significava nada. 

- Não tem nada a ver - declarei para meu reflexo no espelho. - Néris. Nerusca. Nadica de nada. 

- Fala, Arthur, como foi o baile? – perguntou Micael, na segunda-feira de manhã.

Estávamos na biblioteca outra vez, para fazermos o trabalho de história. O assunto eram as pirâmides do Egito. Eu estudava a parte histórica e Micael trabalha na época atual, sobre as pirâmides e as tumbas.

- A banda estava um saco, mas dei sorte e curti bastante – respondi.

Micael ergueu uma das sobrancelhas.

- Engraçado. Eu já vi o Radio Waves outras vezes e achei legal.

- Legal para quem gosta - observei, abrindo um livro. - A propósito, Rachel não estava no baile.

Como pensei, o comentário que fiz tirou da cabeça dele o interesse pelo assunto sobre a banda ridícula de Chay Suede. Ele então atirou uma olhada à recepção e viu Rachel Hall entrando na biblioteca e indo tomar seu lugar, em frente ao computador. Vi que ela olhou disfarçadamente em nossa direção e logo se voltou.

Ele afastou sua cadeira.

- Lembrei agora que me esqueci de devolver um livro. Volto já, já.

Inclinei-me para ver Micael paquerando. Queria que ele simplesmente convidasse Rachel para um encontro e saísse dessa enrascada. Ele pegou um livro e começou a esfregar as mãos por um instante. Depois de um curto papo, ele voltou para nossa mesa, todo desengonçado.

- Como é que foi? – perguntei, dando-lhe um tapinha nas costas.

- Uma droga. Eu me sinto um idiota total perto dela.

Ele colocou as mãos no rosto mas vi que espiou para Rachel por entre o vão dos dedos. Resolvi deixá-lo entregue às suas lamentações e voltei para o livro de história. O prazo era de apenas uma semana, e ainda tínhamos de aprender um bocado sobre os faraós e pirâmides.

- Estou aqui não faz um semestre e já sou amiga de todas as pessoas certas – disse Pérola na quarta-feira à tarde. Nós estávamos sentados em meu carro e estivéramos nos beijando por uns quinze minutos.

Minha barriga deu um nó. Como sempre acontecia quando Pérola começava a falar de seu índice de popularidade. No começo eu pensava que ela só queira conhecer as pessoas. Mas agora achava que era uma obsessão. E até mesmo já tinha observado como chegava a ser grosseira com algumas pessoas que não estavam na lista dos mais populares

- Puxa, que legal – falei – Agora sua vida está completa.

Pérola concordou

- E tudo isso graças a você – ela jogou os longos cabelos para trás e ficou me olhando, enamorada – Ainda bem que encontrei você.

- O que você quer dizer?

Procurei ser gentil mas por dentro achei uma basbaquice.

- Bem, como todo mundo gosta de você, automaticamente passam a gostar também de mim. Você é meu anjo.

Nas ultimas semanas vinha pensando que ela me amava, e que eu a amava. Mas algumas dúvidas não saiam da minha cabeça.

Pérola não demonstrava nenhum interesse em conhecer meus amigos a menos que fossem lideres de torcida ou atletas. E sempre que ela dizia que me amava a palavra “popularidade” vinha logo em seguida. Basicamente, ela me tratava mais como um troféu de que como namorado.

De repente me bateu um pensamento de que eu tinha forçado a mim mesmo a me apaixonar por ela porque queria ganhar a posta com Lua. Mesmo sabendo que Pérola só se interessava em ser popular, meus motivos afinal não eram muito melhores que os dela.

A voz animadinha dela cortou meu devaneio.

- Eu acho que nós somos o casal mais bonito do Colégio Elite Way. Você não acha?

Balancei a cabeça, concordando em silêncio, mas sentindo que meu mundo se espatifara em mil pedacinhos.

Quinta-feira à noite Lua e eu estávamos batendo papo no escritório da casa dela, assistindo ao filme ‘Uma jornada inesquecível’. Esse era outro de nossos favoritos, e eu me sentia relaxado pela primeira vez depois que Pérola me chamara de “meu anjo”.

Lua olhava fixamente para a televisão, comendo pipoca direto. Eu não estava a fim de que ela ficasse zombando de mim no caso de eu perder a aposta. Mas, ainda assim, queria falar sobre Pérola. Afinal ela era minha melhor amiga e sabia bem mais sobre as mulheres do que eu.

- Lua, eu acho que a Pérola só quer aparecer – disse eu, enchendo a mão de pipoca.

- Não brinca – Lua respondeu suspirando.

- Pensando bem, não estou tão apaixonado por ela como achava.

- Hmmm – disse Lua.

- Lua, você está me ouvindo? – cutuquei seu braço.

- Você acha que o Chay ainda ama a Sophia? – perguntou em vez de responder a minha pergunta.

- Lua, acabei de dizer que acho que não amo a Pérola.

Ela deixou de lado a pipoca e me olhou.

- O caso é que a senhora Heinsohn chamou o Chay para ler o poema, que ele tinha escrito, em voz alta.

Pelo jeito Lua não estava nem um pouco interessada em ouvir o que eu tinha a dizer.

- E daí? – perguntei.

- Era um poema de amor.

- Por favor, me poupe dos detalhes – Não estava a fim de ouvir nada sobre Chay Cara-de-panaca.

- O poema não era sobre mim.

- O que?

Admito que agora ficara curioso.

- Bom, as palavras eram sobre perda e “distância cruel”, como ele escreveu – Lua mordeu o lábio e balançou a cabeça.

- E daí? – tinha a impressão de que ela queria chegar a algum ponto.

- Acho que ele escreveu o poema para Sophia, o que significa que não está apaixonado por mim.

Poderia jurar que vi uma lágrima pendurada no olho dela.

- Esse cara é um saco. Você ficará melhor se ele ainda amar a Sophia.

De repente me ocorreu uma idéia. Se Lua terminasse com o Chay e eu terminasse com a Pérola, a gente ainda estaria empatado em relação à nossa aposta. Quem sabe? Podia ser que eu me apaixonasse de novo até o Baile de Inverno. Tudo era possível.

- Chay não é um saco – respondeu Lua, elevando a voz. – Se disser isso mais uma vez, eu detono você. Fique quieto!

Estava ficando chateado com Lua. Ela acabara de dizer que Chay ainda gostava da antiga namorada. Se isso não era realmente um saco, então o que seria?

- Está bom, o que você queria que eu dissesse?

Lua recostou-se no sofá.

- Sophia virá para o Dia de Ação de Graças. Você acha que devo me preocupar com isso?

- Se você não quer que eu diga que Chay é um saco, então não tenho nada a dizer – falei com firmeza.

Lua enfiou o rosto em uma almofada do sofá.

- Arthur, você se importa em ir embora agora? Não estou a fim de papo.

Ela desligou a televisão pelo controle e fechou os olhos.

Sem me despedir, daí pisando duro. Precisava levar um papo sério com Lua sobre o fato dela só se importar consigo mesma e com o pateta do seu namorado.

No caminho de volta comecei a pensar em Pérola de uma forma diferente. Ela devia ter seus probleminhas, mas quem não tinha? Pelo menos se mostrava sempre feliz quando me via e nunca tinha me chutado pra fora de sua casa...

Tinha dado uma completa meia-volta. Na verdade, Pérola ficaria feliz em me ver nesse momento.


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3 comentários:

  1. esta demais essa web, paraben!
    todos os dias eu venho aki no blog pra ver se vc posto mais.
    juliene

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  2. ah pela o amor de deus nunca pare de postar !!!! é perfeita ....por favor tenta postar pelo menos um capitulo por dia se nao morro !!!!!!
    kkkkkk amo de mais essa web

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  3. quanto tempo vai demorar pra eles perecberem que se amam , eu amooo essa web !!!

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