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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Capítulo Cinco


Quarta-feira, 18 de outubro

Sim, sim, sim! Hoje foi simplesmente demais, nem sei se vou conseguir dormir. Antes de entrar em detalhes, devo dizer que até dançar com Chay na festa de Patrick Mayor no fim de semana passado, meu progresso com ele não vinha sendo lá muito grande. Na verdade, tinha sido o mínimo.


Exemplo: numa ocasião, depois de várias semanas ajudando o Chay no trabalho de redação, eu estava olhando para ele por cima de um livro de poesias de Wallace Stevens. Ele percebeu que eu olhava e me perguntou:

- O que foi? Meu rosto está sujo?

Então sem pensar respondi:

- Ah, eu só estava aqui sentada, sonhando acordada com o fim de semana. O que você vai fazer no sábado à noite?

Grande sacada, certo? Errado! Ele respondeu:

- Sábado eu tenho ensaio com a banda.

- Ahhh...- Foi minha resposta, e voltei ao livro de Wallace Stevens.

- E você, vai ter um encontro com quem? - Ele perguntou em seguida.

- Encontro?- Engoli em seco.

- Sim. Você disse que estava sonhando sobre o final de semana. Então deduzi que você deve ter um encontro, que é sobre o que eu costumo fantasiar.

- Ah, ninguém que você conheça. - Desconversei de modo meio esfarrapado.
Já tinha dado toques demais.

Uma semana depois Chay me perguntou como estava indo o romance com meu misterioso namorado e, sorrindo enigmaticamente (bem, pelo menos esperava que sim), respondi que não tinha dado certo. Ele não respondeu, mas me deu uma olhada muito significativa. Depois comentou:

- Você realmente mudou muito, Lua. Antes você era mais uma garota do tipo grande amiga, mas agora... sei lá... agora é mais como uma mulher.

Daí ele saiu andando, sem perceber que meu coração estava quase saindo pela boca.

Então, depois da aula de redação, Chay me pegou pela mão e puxou para uma sala de laboratório vazia. Ele me abraçou e começou a dançar igual na sexta-feira passada. Ele parou e disse exatamente:

- Que tal se a gente fosse dançar mais no sábado à noite?

Admito que foi uma situação meio boboca e antiquada, mas o que é que tem isso? O que importa é que ele me convidou para um encontro de verdade. Claro que, quando contei para o Arthur, eu estava meio gaguejante e ele tirou o maior sarro da minha cara. Mas, pergunto de novo, qual o problema? Agora só preciso fazer acontecer no sábado...

Engraçado como na vida da gente, o tempo às vezes parece voar e, em outras simplesmente parece que pára, desafiando qualquer conceito lógico! Eu explico. Meus dois primeiros anos de colégio rastejaram como se o tempo fosse uma tortura. Cada aula parecia que ia durar até o próximo século, as noites de sexta-feira se arrastavam interminavelmente e as tardes de domingo eram como uma sentença de prisão dentro da biblioteca.

No último ano tudo mudou. Nas primeiras semanas de outubro minha vida quase me deixou tonta. Entre minha paquera com Chay, papeando com Arthur e estudando, eu me senti como se estivesse em ação durante as vinte e quatro horas do dia. Percebi também que, com um pouco de maquiagem, meus olhos ficavam exatamente como Arthur sempre disse que gostava. Também estive trabalhando como babá, em alguns dias da semana depois das aulas e ganhando uma grana (nem me importei que viesse na forma de notas amarrotadas, e não como um cheque limpo e profissional), o que me fazia sentir como uma adulta.

Quinta-feira de manhã acordei antes que o relógio tocasse. Meio no escuro, ainda fui tropeçando até o calendário quase em branco na parede. Peguei uma velha caneta com tinta perfumada (vermelho framboesa, mais exatamente) e marquei o dia 21 de setembro. Não era para não esquecer qual o dia em que tinha um encontro com Chay, só queria ficar acompanhando os dias que faltavam até a data.

Quando chegou o sábado (achava que o mundo ia acabar antes do final de semana), meu estômago dava voltas. Lá pelas seis horas me tranquei no banheiro para vomitar. Isso não foi muito legal.

Depois que me recuperei fiquei olhando para o dia marcado no calendário. Claro que sempre pensei naquele primeiro dia na biblioteca como o de nosso aniversário. Depois daquele dia estava certa - ou mais ou menos... bem, não, na verdade - de que iria vencer a aposta com Arthur. Ele com certeza se encheria da Pérola em uns dois meses, mas eu estaria namorando firme com Chay. Durante as aulas de redação ficava olhando para ele e pensando em nós dois, velhinhos, de cabelos brancos, rodeados de netinhos. Mel não conseguia acreditar que eu pudesse me comportar assim tão estupidamente, até agora ela nunca tinha me visto assim, caminhando nas nuvens. Na verdade, até hoje nem eu mesma tinha me visto assim, nas nuvens.

Lá pelas oito horas contemplava a mim mesma na frente do espelho em meu quarto. Estava com um vestido preto curto e casaquinho preto. Meu cabelo comprido caía pelo rosto e, nos lábios, tinha aplicado um batom rosa clarinho. Quando ouvi uma buzina lá fora, apanhei a bolsa e corri escadaria abaixo.

- Tchau. - Gritei para meus pais, que estavam assistindo TV no estúdio.

- O Arthur sempre vem até a porta. - Minha mãe comentou.

- O Arthur é um pateta.

Chay me esperava em seu jipe vermelho, mas o jipe tinha a capota abaixada e o vento desalinhara alguns fios de seu cabelo. Ele parecia muito bonito, e por um momento quase não acreditei que nós estávamos saindo para um encontro de verdade.

Ele se inclinou e empurrou, abrindo a pequena porta do jipe, enquanto sorria para mim. Entrei quase tendo um troço. Nós já tínhamos ficado sozinhos antes, mas sempre no meio de outras pessoas. Sentar perto de Chay e ver sua mão pegando a alavanca de câmbio me fez sentir como se apenas nós dois existíssemos no mundo.

- Poderíamos ir à pizzaria do Jon. - Sugeriu ele, enquanto eu tentava afivelar o cinto de segurança com as mãos tremendo.

- Legal. - Respondi baixinho.

Por algum tempo andamos em silêncio. No céu as estrelas já brilhavam. Olhei e escolhi a mais brilhante. “LUZ DA ESTRELA, BRILHO ESTELAR, À PRIMEIRA ESTRELA QUE VEJO ESTA NOITE, EU PEÇO, EU DESEJO...VENCER A APOSTA COM ARTHUR". “Estou pronta para me apaixonar” pensei. Por uma questão de ênfase, fechei os olhos e visualizei a estrela em minha mente.

Quando abri os olhos, Chay estava me olhando com uma expressão de encanto.

- Olho para você e suspiro. – disse ele - Você é linda.

Meu coração acelerou. Chay acabara de citar uma frase do poema "Uma canção para beber", de Willian Butler Yeats, um dos que selecionei para ele incluir em seu trabalho de redação de algumas semanas atrás. Sua voz era profunda e rouca, produzindo calafrios que me percorriam a espinha.

Jon faz uma pizza na pedra deliciosa, e era um lugar muito popular na época. Estivera lá um milhão de vezes com Arthur e Mel, sempre secretamente invejando os casais sentados nas mesas ao longo da parede do restaurante. Agora estava radiante toda garota lá olharia para nós desejando estar em meu lugar.

- Gosto de pepperoni – ele falou quando nos sentamos.

Olhei para o menu. Arthur e eu gostávamos de inventar combinações de pizzas. Nossa favorita era berinjela, bacon e cogumelos.

- Para mim está bom. – concordei.

Chay recostou-se apoiando às mãos sobre a mesa. Sem saber bem o que conversar, fiz o mesmo. De repente ele se inclinou para a frente.

- Então você e Arthur Aguiar não têm nenhum caso? – perguntou.

Gelei.

- O quê?

- Você e o Arthur. Todo mundo na escola sabe que vocês dois são como dois irmãos siameses.

Não pude resistir à risada. Arthur tinha tido umas vinte namoradas só nos últimos dois anos. Será que o Chay pensava que eu era o tipo de garota capaz de se envolver com um cara que vivia correndo atrás de outras?

- Arthur tem um monte de namoradas, mas definitivamente não sou uma delas. Nós somos apenas amigos.

Chay fez o pedido à garçonete e, olhando para mim, levantou as sobrancelhas.

- Não acredito que pessoas de sexos diferentes possam ser amigas. – afirmou - Acho que sempre vai haver uma certa... tensão.

- Não no meu caso. – respondi rapidamente.

Estava desesperada para mudar de assunto, mas ao mesmo tempo curiosa para saber o que as pessoas pensavam sobre minha amizade com Arthur. Alguém seria capaz de acreditar que eu e ele fossemos namorados? Será que todos achavam mesmo que eu me limitava a ficar sentada, esperando pacientemente enquanto ele saía para namorar todas as garotas da escola? Era um pensamento humilhante. Sempre me vi como uma mulher forte e indomável, não o tipo que aceita um segundo lugar. Mas poderia ser que os outros não me enxergassem desse modo. Talvez me considerassem uma bonequinha apaixonada.

- Bem, de uma coisa eu sei. – disse ele, pegando na minha mão.

- O quê?

Os pensamentos sobre Arthur fugiram de minha cabeça assim que senti seus dedos fortes que se entrelaçavam com os meus.

- Nós dois nunca poderemos ser amigos.

Seus olhos brilhavam e seus lábios vermelhos pareciam irresistíveis.

- Por quê? - murmurei

- Porque eu sempre vou querer beijar você, assim como estou querendo agora.

Precisamente nesse instante a garçonete veio trazer nossos refrigerantes. Isso quebrou a tensão, mas eu tinha certeza que meu rosto estava em brasa. Não sabia como interpretar tudo que Chay dizia. Por um lado, sonhava com esse momento. Por outro, a situação não parecia muito real. Sempre pensei que um romance florescesse como um turbilhão. Eu me imaginava trocando frases poéticas e olhares apaixonados com meu amado. No entanto, ali estava o Chay, me falando daquele modo e eu totalmente sem graça. Ele quase não me conhecia de verdade, pensei. Será que aquelas palavras eram sinceras?

Mais tarde a garçonete veio trazer nossa pizza. Enquanto via Chay cortando um pedaço e dando uma grande mordida, outro pensamento me veio a cabeça. Se Chay fosse mesmo tão legal, por que iria me querer? Afinal de contas, ninguém jamais tinha se interessado por mim.

Apesar de sentir o estômago embrulhado, resolvi também começar a comer meu pedaço de pizza. Chay me olhava intensamente, e quase me engasguei com o queijo, que pareceu entalar na garganta, impedindo-me de respirar direito. Tossi e tomei um grande gole do meu refrigerante. Imaginei então que, se ele tivesse sentido alguma atração por mim, eu acabara de arruinar minhas chances. Esse pensamento provocou uma estranha sensação excitante. Sempre adorei um desafio.

- Então, Chay, o que você acha das aulas de redação? - Perguntei, tentando levar o assunto para um campo mais seguro.

- Redação é muito legal. – respondeu ele.

- Acha mesmo?

-Claro. Acho até que vou escrever algumas das letras de música para a minha banda. Normalmente quem escreve é outro, mas suas poesias são muito sem graça.

Ele pegou outro pedaço e um guardanapo.

- Que bom. Eu gostaria de ler algumas de suas letras de música qualquer dia destes, se você deixar.

- Acho que vou compor uma musica para você.

Novamente fiquei envergonhada. Olhei para baixo, concentrando-me na comida. Flertar não era o meu ponto forte e, mesmo me esforçando, não conseguia achar nada de interessante para dizer em resposta.

Chay parecia não gostar de falar enquanto comia, e então fiquei prestando atenção nas conversas das outras mesas. Sempre que estou nervosa, consigo me acalmar prestando atenção em alguma outra coisa que não em mim mesma. Este era um truque que minha mãe tinha me ensinado.

Ouvia o que as pessoas atrás de nós nas mesas falavam. A primeira voz era de uma garota que já havia visto quando entramos no Jon’s.

- Papai me tomou o cartão de credito por um mês. Ele ficou histérico só porque comprei uma jaqueta de couro na semana passada, pode? Nunca vi um cara tão chato!

Revirei os olhos. Se eu usasse o cartão de credito do meu pai, ficaria trancada em meu quarto por um ano de castigo.

- Não é justo! – disse o garoto ao lado dela – Será que ele não percebe que, sem cartão, você não é ninguém?

- O que eu posso fazer? Ele não tem noção do que é ser jovem. Estou pensando em processá-lo por negligencia e abandono.

Dei uma risada alta. A conversa atrás de nós parecia a fala de personagens de um filme de segunda categoria. Pode uma coisa dessas?

- Você ouviu esses dois? - Cochichei para Chay.

Ele negou balançando a cabeça.

- O que estão conversando?

Limpei a garganta e me preparei para fazer uma imitação de uma garotinha rica. Era uma mistura se sra. Howell do programa ‘A ilha de Gilligan’ e aquilo que imaginava ser a voz de uma aristocrata.

- É tãããão cruel. – imitei a garotinha - Papai tirou meu Roll’s Royce. Ele me obrigou a ficar com a BMW. Estou tãããão humilhada.

Tornei a rir.

O rosto de Chay estava totalmente inexpressivo. Ao ouvir a voz delas, sussurrei sacudindo a cabeça na direção da mesa do casal.

- Escute.

- Adorei a reforma que fizeram no clube de campo. – comentou a garota - Mas acho que o painel de mogno atrás da churrasqueira ficou exagerado.

Pisquei para Chay, mas ele olhava para mim como se eu estivesse maluca. Pelo jeito, não achara a menor graça na minha imitação. Suspirei. Se o Arthur estivesse comigo, quando imitei a menina ele teria imitado a outra. Provavelmente ficaríamos imitando as duas pelo resto da noite e rindo o tempo todo.

Fiquei envergonhada quando vi que Chay estava sério. Reconheço que não era muito simpático fazer pouco de outras pessoas. Percebi, que para Buffy (o nome que inventei para a garota que imitei), ficar sem o cartão de crédito era mesmo uma grande tragédia.

Chay empurrou seu prato vazio.

- Sabe, o Radio Waves está se preparando para assinar contrato com uma gravadora independente. Poderemos lançar um CD daqui a um ano.

Fiquei impressionada. Imediatamente me vi como a namorada de um astro do rock...
Poderia ir ao camarim, andar de limusine, ingressos grátis.

- Ah é? Você me mostrará as músicas em particular, antes do lançamento? - Perguntei, enquanto abria um grande sorriso.

"Isso", pensei. "Acabei de flertar". Não foi nada fácil e me senti meio idiota, mas sobrevivi. Talvez até o lançamento do CD do Chay eu já seja uma perita em flerte.

Ele colocou a mão por baixo da mesa e bateu no meu joelho.

- No momento que você quiser Lua, quando quiser.

Eram quase onze horas quando voltamos para casa. Eu estava nervosa e procurava pela maçaneta da porta do carro. Mas Chay me pegou pelo braço e puxou.

- Você é um barato, Lua. - murmurou.

Um barato? Essa não era a expressão que eu esperava ouvir.

- Gostaria de ter você sempre por perto. – ele acrescentou.

Então se inclinou para a frente e me beijou. A única coisa que pude pensar naquele instante foi: "Oh, Meu Deus, estou realmente beijando Chay Suede!". Mas então relaxei um pouco e me concentrei em seus lábios quentes e macios. Fiquei contente por estar sentada, porque meus joelhos tremiam, e se estivesse em pé provavelmente perderia o equilíbrio.

Beijei também tentando não pensar em minhas mãos suadas e que meu hálito provavelmente estava cheirando a queijo. Quando ele se afastou, eu me sentia trêmula e desorientada.

- Bons sonhos, Lua. – murmurou.

Enquanto caminhava para casa, refleti que "bons sonhos" era aquilo que Arthur sempre me desejava. Por algum motivo, a expressão me pareceu imensamente diferente vindo de um rapaz que tinha acabado de me beijar na boca.

Domingo de manhã fui até a casa dos Jonhson. Em certos dias da semana tomo conta de Nina, a filha deles de dez anos. Quando cheguei, Nina estava no jardim praticando alguns passos de dança. Desde que ela ficara sabendo que eu ensinava dança, insistia em estabelecer essa como sua prioridade número um. A prioridade número dois era bater papo com os garotos da sua escola Lincoln.

- Ei, Nina. – cumprimentei - Está ensaiando aquela seqüência de passos que ensinei na quinta-feira?

Andei pela calçada e desabei sobre a grama. Tinha dormido pouco à noite, pensando em meu encontro com Chay, e a falta de sono tem seu preço.

- Claro. Quer me ver dançar com música?

Ela saltitava enquanto esperava minha resposta.

- Gostaria muito. Por que não vai buscar seu CD player portátil? Eu espero aqui.

Fechei os olhos contra a claridade do sol e fiquei contente por ainda estar quente o bastante para ficar no jardim.

Em seguida Nina voltou com seus pais e o toca fitas pendurado pela alça. Enquanto eles gritavam instruções de última hora, Nina colocava o CD que gravei para ela.

A garotinha praticava a rotina pela décima quinta vez quando Arthur apareceu. Ele adorava ir me encontrar nos Jonhson porque Nina tinha simplesmente veneração por ele.

Nina interrompeu a seqüência e correu para ele.

- Quer ver minha nova dança? – perguntou.

Ele caminhou até a escada e sentou-se no primeiro degrau.

- Claro que quero. Ou você pensa que eu vim até aqui só para ver a Lua?

Nina deu uma risada e foi preparar o CD. Eu me sentei perto de Arthur, aliviada. Às vezes uma garotinha de dez anos tem mais energia do que posso dar conta.

- Então, como foi o grande encontro ontem à noite? - Perguntou, enquanto contemplava Nina saltitando feliz pelo gramado.

- Maravilhoso.

Imaginei se Arthur poderia saber, apenas me olhando, que Chay tinha me beijado. Ainda lembrava do toque gentil de seus lábios nos meus.

Ele me olhou levantando as sobrancelhas.

- Tem certeza de que você não está dizendo isso só para ganhar a aposta?

- Fique sabendo que essa nossa aposta idiota é a última coisa que me preocupa agora.

Era mentira, mas estava cheia do Arthur ficar lendo nas entrelinhas o tempo todo.

- Você não achou o cara um chato? - Arthur bateu palmas quando Nina terminou a dança e fez uma reverência. - BIS!!!

Fiz um sinal para Nina recomeçar a dança e virei-me para ele.

- Só para você ficar sabendo o Radio Waves está para assinar contrato com uma gravadora independente – revelei, melindrando.

Arthur ficou bravo.

- Em primeiro lugar, fique sabendo que Chay já vem dizendo isso há mais de um ano. Aqueles caras têm tanta chance de entrar no mundo da música quanto eu! Em segundo lugar, você não respondeu a minha pergunta. Ele é ou não é um chato?

- Ele é fascinante. E, o que é mais importante, acha que eu sou fascinante.

- Não duvido – Arthur retrucou - Para ele, depois de namorar com Sophia Abrahão, você poderia ter a aparência que tivesse.

- Obrigada pelo cumprimento.

Arthur estava começando a me irritar. Apesar de nossa aposta, eu tinha chegado a pensar que ele ficaria feliz se eu arranjasse um namorado. No dia do trabalho ele parecia se importar muito com essa perspectiva.

- Desculpe. De verdade. Mas me diga só mais uma coisa.

- O quê? – perguntei, suspirando profundamente.

- Quantas vezes ele se olhou no espelho para arrumar o cabelo?

Tive de dar risada. Chay era muito vaidoso. Cheguei a surpreendê-lo tentando ver seu reflexo na forma de pizza metálica vazia.

Arthur começou a imitar o Chay se enfeitando diante de um espelho, e caímos os dois na gargalhada. Bem nesse preciso instante Nina terminou a dança e deve ter pensado que nós dois estávamos malucos.

Caminhei com Arthur até o carro e deixei Nina recolhendo as coisas para levar para dentro, a fim de que pudéssemos entrar e preparar o almoço. Ela mostrava-se desapontada porque Arthur estava indo embora. Adorava ficar se exibindo diante dele.

- Agora, falando sério. Até que ponto você gosta do Chay? - Abriu a porta do carro e ficou me olhando.

Fiquei quieta por um instante. Nunca havia pensado que um cara como o Chay seria meu namorado. Eu seria uma doida se deixasse passar uma oportunidade como aquela. Mesmo que mais tarde acontecesse de terminar com ele e ficar de coração partido, eu tinha de encarar a batalha.

- Gosto muito dele. – confessei finalmente - Acho que pode ser o cara certo para mim.

Arthur balançou a cabeça.

- Bem, não pegue a tesoura ainda. Muita coisa pode acontecer de agora até o Baile de Inverno. Muita coisa.

Arthur acelerou, cantando pneu, em direção à avenida. Enquanto observava seu carro desaparecer na esquina, tive a clara sensação de que meu melhor amigo tinha um problema.

Mas quando era que ele não tinha, afinal?




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4 comentários:

  1. definitivamente a melhor web q eu ja li .....ela é cheia de detalhes , descriçoes e criatividade !!!
    poste com mais frequencia por favor ....pelo menos uma por dia eu imploro !!!!

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  2. Concordo...posta mais!!!!porfavor...

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  3. gostei mais quando vai ter o primeiro bj da lua e do arthur?

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  4. Amooo essa web , mais repito a pergunta da rebelde record , quando vai ter o primeiro bj da lua e do arthur ???

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